quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Vamos Conversar sobre FIN?

Todos nós, xenites, temos bem nítido em mente a primeira vez que assistimos o trágico e épico final de Xena Warrior Princess. E se você for como eu, FIN, foram os 2 episódios da série que você menos assistiu.































Lembro até hoje... Fui à casa do meu primo, que tinha tv a cabo e tinha o antigo USApara ver a maratona Xena que teve como atração principal a exibição de FIN. Dor, angustia, solidão... Foram alguns dos sentimentos que ficaram em mim depois da exibição.


“Eu nunca mais verei isso de novo”. Foi o que pensei.

Mas a verdade é, agora analisando, a maior parte desses sentimentos vieram pelo fim da série, não pelo capítulo em si, de forma que eu provavelmente teria me sentido mal independente de como tivesse sido o fim.

Depois daquele dia, achei que estava cumprindo muito bem minha promessa de nunca mais ver aquele infame episodio. Até que um dia, alguns anos depois, minha prima xenite (que nada tem a ver com o primo cuja casa serviu de palco para a exibição de FIN), manda para mim um dvd.

Chamada de FIN pelo USA
Capa era preta, e os dizeres “Xena a Princesa Guerreira – O último capítulo! ‘Amiga em perigo’ Muita emoção!!!” estavam escritos a mão na etiqueta do disco, gravado com a exibição original do USA, daquela mesma maratona Xena.

Dor, sofrimento, angustia... RAIVA! Por que Gabrielle? Por que? Era só jogar as cinzas Gabby! Xena, por que você se importa, eles já estão mortos! Por que Deus!? Por que???

“Eu nunca mais verei isso de novo.”

O tempo passa, eu revi a série toda algumas vezes, sempre fingindo que FIN não existia. Era dor demais... Um belo dia (por volta de 2013), procurando, nos meus dvds, um filme para ver com meu namorado, eis que surge na mão dele aquela capa preta.

“É o ultimo capítulo de Xena” eu digo, não tendo nenhuma intenção de assistir.

“Sério? Nunca vi esse.” A resposta dele veio cortante, um calafrio percorreu meu corpo, eu sabia onde aquilo ia dar.

E pela segunda vez quebrei minha promessa, e vi o tal capítulo.

Dor e muitas lágrimas (tem alguma maldição nesse capítulo, alguma magia, que me faz chorar SEMPRE!), mas diferente das outras vezes, um sentimento estranho veio acompanhado. O que era?

Na semana seguinte, meu namorado pediu para ver FIN de novo. Estranhei, não rejeitei a ideia, mas não entendi o por que.

“Por que?” Perguntei.

“Achei bonito.”

A princípio, estranhei. Mas depois pensei um pouco... Era isso não era? Aquele sentimento estranho... Era admiração... Espera! O que? Eu achei FIN bonito? Tudo bem meu namorado achar, ele não é Xenite, mas EU? Como posso achar aquilo bonito? Não... Estou errada. Não há nada de bonito nele. Só dor... Sofrimento...

Vimos FIN de novo. Mais uma vez as lágrimas rolaram... Mas dessa vez não teve dor.

Se da primeira vez que eu vi FIN eu estava no ensino fundamental, naquela hora eu já estava na faculdade, na época, estudando cinema. Comecei a prestar atenção em coisas que, antes, não me pareceram importantes... Foi naquele dia, a quarta vez que eu vi FIN, que o tirei da minha lista mental de “piores episódios de Xena” e coloquei-o na lista oposta, “melhores episódios de Xena”. E comecei a achar que meu julgamento anterior era, pelo menos, injusto.

Eu concordo, que é difícil encaixar mais essa viagem (ao japão) na linha do tempo das coisas que a Xena fez antes de ter o Solan. Concordo que o motivo para Xena permanecer morta é, no mínimo, questionável, e concordo (MUITO) que outros personagens deveriam ter, no mínimo, sido citados no fechamento da série (Ares, Aphrodite, Eva...).

Mas vocês já repararam, nas coisas absolutamente bonitas que esse capítulo trouxe?


A começar pela escolha de passar a história do capítulo no Japão (mesmo tornando a timeline da série uma bagunça), abriu as portas para nos trazer um pouquinho da vasta, e belíssima, cultura do país.

Assim como aconteceu em The Debt, em FIN, tivemos um esforço grande por parte dos produtores, de criar a ambientação certa. Como resultados temos uma trilha sonora incrível (Joseph LoDuca foi inclusive indicado ao Emmy na época), fotografia, cenários e figurinos fantásticos.

Se você prestar atenção, verá que Xena terminou de realizar todos os pedidos que Gabrielle fez durante a série.

Ao ensina-la, completamente, como usar o Golpe, finalmente, ensinando tudo o que sabia. Ao deixa-la pensar nos prós e nos contras e guiar a abordagem das duas no porto em chamas. Ao Contar todo o seu passado sombrio (pelo menos eu espero que não haja nada mais a esconder).

A Friend In Need é o ponto máximo da evolução de Gabby, de uma camponesa de Potedia, à uma guerreira, ao mesmo tempo que é a redenção final da alma de Xena.
Como metáfora, acredito que esse capítulo fale tanto sobre o nosso dever moral de concertar nossos erros do passado, quanto da visão espiritualista de que a morte é só mais uma etapa da vida.

FIN é pesado.

Por mais que alguns digam que um final em que tudo terminasse bem, com Xena e Gabby envelhecendo juntas numa vida tranquila, fosse melhor que FIN, não acho que isso condiga com a série.

Se levarmos em conta que a série estava para terminar na quarta temporada. Teríamos tido um final com Xena e Gabby crucificadas, e com Callisto nos afirmando que Xena nunca teria perdão divino se abandonasse o caminho Guerreiro (The Ides of March). Mas como a vida é mais que o aqui e agora (pelo menos de acordo com a filosofia da série), as almas de Xena e Gabrielle estariam sempre juntas e sempre vivendo novas aventuras (Deja Vu All Over Again).

Mas FIN não teve um “Deja Vu All Over Again” que nos dissesse que tudo ficou bem no final (apesar de sabermos que Xena e Gabby sempre reencarnarão juntas). FIN foi amargo.

Até onde sei, vários finais foram idealizados para FIN (alguns piores que o que vimos, com Gabrielle também morrendo, por exemplo). Alguns desses finais teriam a participação de Varia, Ares, Aphrodite e Eva, eu gostaria de ter visto isso, gostaria mesmo. Não sei o que levou a decisão final de não mencionar nenhum outro personagem, talvez quisessem terminar a série da mesma forma como ela começou? Com Xena e Gabrielle tomando novos rumos, juntas. Não sei.

Mas é fato, FIN foi pesado, principalmente por que foi o final. Por que acabou. Essa foi minha sensação quando vi pela primeira vez (eu nem sei quantos anos eu tinha...).

Mas, FIN era necessário, de uma forma ou de outra a série ia acabar, e eu fico feliz por ter sido um grande capítulo de duas partes, que teve trilha sonora, fotografia, figurino, diálogos, lutas,e tudo mais, tão marcantes (põe marcante nisso).


Maia C.

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2 comentários:

  1. Eu não gostei do fim pois não queria que Xena tivesse morrido nas mãos de um samurai fraquinho.
    Eu sabia que Xena iria acabar morrendo, mas que sua morte fosse através de um ato de heroísmo gigantesco, é não sendo morta por um simples mortal.

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    1. Entendo o que vc quer dizer sobre o cara que matou ela.
      Mas o que eu penso é q a Xena se deixou morrer para enfrentar o Yodoshi, tato que ela sabia que morreria, pq ela já tinha aceitado que precisava morrer e colocou isso como um pretexto, até pq Gabrielle não conseguiria matá-la.
      E eu vejo o auto sacrifício dela como um grande ato heroico tbm :)

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